terça-feira, 4 de setembro de 2012

O Retrato e a Vogue

Olhando a capa da Vogue italiana de setembro com a linda Carolyn Murphy fotografada por Steven Meisel, lembrei-me de um poema da Cecilia Meireles, intitulado "Retrato", que reproduzirei em seguida.

Eis a capa:
A história aqui gira em torno das máscaras e dos inúmeros papéis que uma mulher exerce, a ponto da revista fazer a chamada de capa de "mulheres multifacetadas", ou seja, todas nós, gurias!
Vestimos as máscaras conforme a situação, somos muitas mulheres em uma só, essa é a sina da mulher moderna, que tem de estudar, trabalhar, cuidar da casa, dos filhos, do marido, ou, se é solteira, tem que disputar os poucos bofes heteros e disponiveis do pedaço com uma concorrência desleal e numerosa..
E fora isso, tem que malhar, fazer dieta, ficar linda e gostosa mas sem perder os neurônios com o excesso de químicas no cabelo: tem que ler, tem que ser bem-informada pra poder discutir qualquer assunto, de física quântica até o último capítulo da novela (como, vc não sabe ainda quem são as empreguetes???), tem que dar atenção pros familiares e amigos, responder todos os e-mails e estar com todas as midias sociais em dia (como, vc é um ET virtual???), levar seu filho ao pediatra (isso tem que ser a mãe, não adianta), e ir tb aos seus médicos (qdo.foi a última vez que vc foi ao ginecologista fazer os exames de rotina?),e ao dentista..? Haja tempo e energia.. E tb pra se olhar no espelho, fazer aquele make caprichado, vestir-se com o look já planejado na noite anterior (que coisa mais prática) e sentir-se bonita mesmo tendo ficado em claro a noite inteira com um dos filhos ardendo em febre..
Este é o video-editorial, tá no youtube e já virou filminho cult
Quem se olha no espelho, olha para si mesma ou para uma de suas máscaras?
Eis o poema que sempre me encantou na adolescência-tinha me esquecido dele, e do quanto é triste, mas de uma tristeza que não beira o desespero nem a depressão, é a simples constatação melancólica de que às vezes mudamos, mas nem percebemos...


Retrato

"Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?"
Cecília Meireles

5 comentários:

  1. isso ai eh ate tema de filosofia, nao eh? A eterna pergunta "quem sou eu?" tem muitas respostas... porque somos o que somos dependendo de pra quem somos... hahaha

    ResponderExcluir
  2. Uauuu...q legal a matéria!!bjss Madi

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir

Comenta aí, ficarei muito feliz em saber tua opinião...