sábado, 2 de junho de 2012

Bye, Lancelot!

Quando eu tinha 17 anos, assisti um filme que me acompanha até hoje: Excalibur. Ele demorou 2 anos pra chegar aqui, e eu o vi num cinema que nem existe mais, o Baltimore, no bairro Bom Fim, pra quem conhece Porto Alegre. Era um baita cinema, tinha uma acústica maravilhosa, mesmo com os recursos da época..

O filme é de 1981 e conta com atores como Gabriel Byrne, Helen Mirren, Liam Neeson e Nicholas Clay
Eu e meus irmãos sempre fomos apaixonados pela lenda do Rei Arthur e dos cavaleiros da távola redonda, líamos tudo a respeito, viamos todos os filmes. Aliás, As Brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley, em 4 volumes, foi a melhor publicação sobre a lenda, mas o filme já é o suficiente pra  se apaixonar pela história, um verdadeiro conto de fadas medieval, cheio de heróis e vilões, honra, glória, coragem, amor e ódio...e a busca pelo santo graal.
Leitura obrigatória para amantes da lenda do rei Arthur
Os anos passaram e eu me tornei uma adulta sem tempo pra nada, meus hobbies foram substituidos por estágios e leituras obrigatórias da faculdade, mas sempre que batia uma saudade, eu ia até a locadora e pegava a versão de Excalibur dirigida por John Boorman, apenas para vê-lo, admirá-lo mais um pouquinho..quem? Lancelot, é claro, o personagem mais intrigante da história, interpretado lindamente pelo inglês Nicholas Clay.
Nunca houve outro Lancelot como ele...
Richard Gere bem que tentou fazer um Lancelot sedutor, em 1995, ao lado de Sean Connery como Rei Arthur, mas, apesar de todo seu charme, não conseguiu destronar Nicholas Clay, e o filme tb não tinha a mesma magia inocente do Excalibur de Boorman.
Boa tentativa, mas Excalibur é muito melhor!
O tempo continuou passando e, com o advento da internet e do youtube, abandonei a locadora e agora seleciono as cenas que quero ver pelo computador. Não tem a mesma graça nem a sensação de estar num cinema, mas tem o diferencial da portabilidade, né? Posso admirar Clay quantas vezes quiser, onde quiser...
Pois é, mas já fazia muitos anos que eu não assistia Excalibur e quis apresentá-lo à minha filha de 17 anos no domingo passado. Peguei o filme na locadora, exatamente como sempre fazia (ela queria baixá-lo pelo computador, resisti argumentando a necessidade de uma tela maior pra sentir as emoções do filme, "entrar nele"-ela aceitou quase penalizada da mãe jurássica) e nos acomodamos defronte a TV. Pra mim, assistir Excalibur com ela, na mesma idade que eu tinha da primeira vez, foi um momento muito especial.
Assim como eu, ela ficou encantada com a ópera Carmina Burana, de Carl Orff, que aparece já nas primeiras cenas, e tb achou "meu" Lancelot lindo..Entusiasmada, fui pesquisar sobre ele no google pra mostrar a ela que filmes o ator andava fazendo, e, para minha triste surpresa, me deparei com uma lápide:
Morto aos 53 anos, vítima de cãncer
Senti um golpe, um nó na garganta. Meu inesquecível Lancelot havia morrido, e eu nem tinha ficado sabendo. Ora, eu nem o conheci, mas ele sempre fez parte da minha vida, o filme tb, eu o compartilhei com muitas pessoas. E agora isso, o baque de perceber que a dimensão do tempo e da vida que a gente imagina qdo é adolescente é bem diferente do real. Não nos damos conta que envelhecemos, até ver nossos idolos morrendo. E aí pensamos que talvez sejamos os próximos.. (que exagero, Helen Mirren já ganhou um oscar depois disso, Gabriel Byrne e Liam Neeson continuam trabalhando, e a vida continua..)
Meu Lancelot se foi, e levou junto meu gosto pelos épicos e contos de fadas.
Não sei se conseguirei assistir Excalibur de novo.

Um comentário:

  1. Eu adorei esse filme tambem, vi quando era crianca e AMEI!!!

    Nao sabia que ele tinha falecido, merda de doenca... hunfs

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