Styling infantil

Uma das alegrias do meu trabalho é  vestir crianças!
Sei que a maioria dos produtores não têm paciência e às vezes recebem esse tipo de job como "encheção de saco", mas eu sempre vejo como uma oportunidade e um momento de diversão:

Desfile Verão 2015 da Lilica Ripilica no SPFW deste ano: na entrada final, uma homenagem a NYC

A atriz-mirim Sophia Valverde em ação antecipando o verão 2015

Produzi todos os desfiles da Lilica Ripilica desde sua estréia no Fashion Rio, em 2005, até sua chegada ao SPFW no ano passado, quando a marca passou a integrar o calendário do maior evento de moda brasileiro, um feito e tanto, já que marcas infantis não costumam participar dessas semanas de moda, tendo eventos e feiras específicos pra elas em datas distintas.

O desfile outono-inverno 2014 cujo tema é o chocolate marcou a estréia da Lilica no SPFW

As pessoas não imaginam a loucura que é vestir e ensaiar 40 crianças pra um desfile, isso depois de olhar umas 300, escolher as que melhor representam o espírito da marca e que vistam bem os looks. No universo da moda infantil, não existem as neuras de corpo e medidas que vemos em relação às modelos adultas. Tem criança mais magrinha, mais cheinha, mas as escolhidas precisam vestir o tamanho do mostruário do cliente, que varia entre o 4, o 6 e o 8. Na Lilica, o tamanho-padrão é o 6, depois essas mesmas roupinhas são fotografadas em outras crianças, pro catálogo, lookbook e anúncios:

Essa coleção foi apresentada no ano passado no SPFW pra estar nas lojas no atual inverno

E como controlar essa turminha do barulho dentro de um camarim, onde, além de tudo, elas precisam ser maquiadas, penteadas e vestidas por pessoas estranhas? Com reza braba paciência e a ajuda das camareiras e das recreacionistas, é claro.

Adivinhem quantas vezes a cabeleireira teve de colocar essas cerejinhas na cabeça dessa menina? (eram 6 ao todo, na hora H, a menina entrou com apenas 2, kkkkk... o resto foi caindo de tanto que ela pulava no backstage...)

As crianças precisam se divertir enquanto "trabalham", estar tranquilas, alimentadas e felizes, então não se poupa carinho nem esforços de todos os envolvidos pra propiciar essa integração com a equipe, já que as mamães não podem ficar lá dentro-existe um local (o "mãezódromo") onde elas aguardam as top mirins, não há espaço pra todo esse povo dentro do camarim, obviamente, sem falar na muvuca...

As mini-modelos fazem carão e dão seu showzinho na passarela!

É muito bom trabalhar com crianças, elas têm aquela energia do bem, estão sempre dispostas e animadas pra desfilar, a gente cansa nesse tipo de produção, é um ambiente lúdico mas tb insano, onde até penico faz parte da cenografia, bem escondido na boca-de-cena, pra qualquer "emergência"- no final tudo dá certo e todo mundo acaba se divertindo, menos quem tem de esvaziar o penico...#nãolhempramim